E o Canned Heat? Que banda sensacional! Uma agremiação idolatrada pelos hippies e que em plena onda psicodélica californiana propagava o seu mais profundo amor pelo blues. Fundada em 1965 por Bob Hite e Alan Wilson – dois obsessivos colecionadores de discos de blues e admiradores inveterados do estilo – esta trupe de Los Angeles ganhou fama mundial depois das incendiárias participações nos festivais de Monterey e Woodstock no final dos anos 60.
Blueseira de alta combustão, seu nome foi retirado de uma velha canção escrita por Tommy Johnson, em 1928, chamada “Canned Heat Blues”. A letra falava sobre um alcoólatra desesperado que, em meio à Lei Seca, misturava Sterno (um gel combustível feito de álcool desnaturado e utilizado para aquecer alimentos) à sua bebida, visando atingir o efeito etílico desejado. Designação propícia para a inflamável combinação de blues, rock, boogie e psicodelia que seria deflagrada pela banda americana a partir de sua configuração.
Desde o seu surgimento o combo passou por várias alterações no seu line-up, sempre empunhando a bandeira do blues e tendo como referenciais os grandes inovadores do gênero como John Lee Hooker, Muddy Waters, Howlin’ Wolf, Elmore James, B.B. King, Albert King e Buddy Guy. Mesmo com a morte de três de seus membros originais, o Canned Heat permanece na ativa em pleno século 21, agora sob a liderança do baterista mexicano Adolfo “Fito” de la Parra, um dos integrantes da formação clássica.
Do quinteto que marcou a fase tradicional, apenas “Fito” de La Parra e o baixista Larry Taylor sobreviveram aos abusos dos anos 60 e 70. Alan Wilson partiu para outro plano, ainda em 1970, após ingerir uma dose letal de barbitúricos. De temperamento depressivo, as evidências indicam um aparente suicídio, mas é um assunto que sempre gerou controvérsias. O frontman Bob Hite morreu em 1981, depois de uma apresentação em Los Angeles, vítima de um ataque cardíaco, acelerado pelo seu intenso consumo de drogas. Em 1997 foi a vez do guitarrista Henry Vestine que, ao final de uma turnê européia, morreu de insuficiência cardíaca e respiratória num hotel de Paris.
Tragédias à parte, a blueseira altamente contagiante praticada pelo Canned Heat ultrapassou décadas e pode ser apreciada no compasso dos mais de 30 álbuns lançados a partir de 1967. Como sou um bolha camarada, selecionei para o blog sinistro os primeiros álbuns do grupo, englobando o período com a formação clássica. Portanto acendam a chama do blues e sigam o percurso desta banda que é, indisfarçavelmente, uma das prediletas da casa.
TOMMY JOHNSON – CANNED HEAT BLUES