DAVID LEBÓN – DAVID LEBÓN (1973)

    Sou um bolha fissurado no rock portenho. A sonoridade dos bons tempos, grandes músicos, toda a poética dos hermanos, versos socando o estômago da ditadura e o velho e bom rock’n’roll no sangue. Sofro desse mal desde a descoberta dos primeiros discos do Pappo’s Blues no início da década de 80. Acho que não tem cura…

    Há alguns meses achei este David Lebón de 1973, primeiro álbum solo deste versátil músico argentino e que esteve diretamente ligado aos primórdios da cena roqueira em seu país. Multiinstrumentista e cantor, contribuiu com seu talento em algumas das mais consagradas bandas do rock argentino: tocou baixo no Pappo’s Blues e Pescado Rabioso; bateria no Color Humano; teclados no Espiritu; e guitarra no La Pesada, Serú Giran, Sui Generis e Polifemo, só pra citar alguns dos projetos em que esteve envolvido.

    Nesta estréia como solista, dá pra dizer, com o perdão do termo, que Lebón quebrou o cabaço em grande estilo, mandando ver num grande disco de rock e blues. Tocando vários instrumentos em quase todas as faixas, o anfitrião Lebón recebe a visita de alguns dos ícones locais como Alejandro Medina (baixo), Charly Garcia (teclados), Black Amaya (bateria), Pedro Aznar (baixo), Isa Portugheis (bateria) e também de Norbert “Pappo” Napolitano que intitulou os temas compostos por Lebón e Liliana Lagardé e, segundo lenda, ainda tocou piano no rock “Treinta Y dos macetas”. Coisa de camarada argentino.

    O disco abre com a acústica “Hombre de mala sangre”, uma de suas mais conhecidas canções, com bela melodia e interpretação vocal primorosa. Segue com a instrumental “ Envases de todo”, onde baixo e batera criam os atalhos para uma guitarra nervosa cuspir efeitos e timbres sujos num blues rock da pesada . Mantém a pegada blues na acachapante “Dos edificios Dorados” com belo solo de guitarra e um feeling de arrepiar a alma. 

    A balada “Tema para Luis” se destaca pelo piano e vocal emocionantes e foi escrita para Luis Alberto Spinetta quando Lebón deixou o grupo Pescado Rabioso, partindo em busca de novas perspectivas musicais. A clássica “Casa de Arañas” é uma de suas melhores composições, sendo conduzida por viciantes batidas de violão e vocal tranqüilamente sereno. A blueseira segue pecaminosa em “Copado por el diablo”, desta vez com os solos de guitarra a cargo de Walter Malosetti. Divino é o mínimo. Infernal é o máximo!

    Hermanos, que belo disco! Se não fui neguinho, devo ter sido então argentino na outra encarnação. Dá-lhe River!

Faixas: 01. Hombre de mala sangre / 02. Envases de todo / 03. Dos edificios dorados / 04. Tema para Luis / 05. Nube cien / 06. Treinta y dos macetas / 07. Casas de arañas / 08. Copado por el diablo / 09. Te cubrirás de soledad

 

DAVID LEBÓN – HOMBRE DE MALA SANGRE

 

 

CHARLY GARCIA / DAVID LEBÓN – DOS EDIFICIOS DORADOS

 

 

DAVID LEBÓN – TEMA PARA LUIS

 

SERÚ GIRAN – 32 MACETAS

DAVID LEBÓN – CASAS DE ARAÑAS

DAVID LEBÓN / PEDRO AZNAR – CASAS DE ARAÑAS

DAVID LEBÓN – COPADO POR EL DIABLO