Músicos: Roy Buchanan (guitarra e vocal), Chuck Tilley (vocal), Dick Heintze (órgão e piano), Teddy Irwin (guitarra rítmica), Pete Van Allen (baixo) e Ned Davis (bateria).
Produção: Peter K. Siegel
Direção de arte: Ron Nackman / fotografia: Bob Gruen
Gênero: Blues / Blues Rock / Electric Blues / Country Rock
Selo: Polydor / PD 5033
Prensagem:
Lado A: 01. Sweet Dreams / 02. I Am a Lonesome Fugitive / 03. Cajun / 04. John’s Blues / 05. Haunted House
Lado B: 01. Pete’s Blue / 02. The Messiah Will Come Again / 03. Hey, Good Lookin’
. Trafegando pelas vias do blues, ando gastando a agulha da pick-up nos LPs de Roy Buchanan. Tido como “o melhor guitarrista desconhecido do mundo” e eleito pelas revistas Guitar Player e Rolling Stone como um dos 100 melhores guitarristas da história, este músico americano continua me impressionando a cada nova audição. Do fundo de minha coleção de discos, diria sem medo de errar: Buchanan foi um dos grandes heróis do blues em todos os tempos. Quem não conhece, não sabe o que está perdendo…
. Figura fácil no circuito musical da época, Buchanan percorreu os Estados Unidos e o Canadá, tocando com vários músicos e grupos desconhecidos no final dos anos 50 e por toda a década 60. No início dos anos 70, gravou com o Snakestretchers, assumindo o papel de band-leader da trupe.
. Combinando estilo e técnica singulares a um feeling de arrepiar, acabou conquistando fãs famosos como John Lennon, Eric Clapton e Jeff Beck. Mick Jagger, inclusive, o convidou para ingressar nos Rolling Stones em substituição ao guitarista Brian Jones, demitido da banda em junho de 1969 (um mês depois, Jones foi encontrado morto, boiando na piscina de sua casa). Buchanan negou o pedido, preferindo a liberdade artística e a distância da fama. Assim era Buchanan…
. Em 1972, depois de ser homenageado com um documentário na tv, firmou contrato com a Polydor e lançou-se como artista solo, gravando pela companhia álbuns memoráveis e pra lá de recomendados. Sua estréia na gravadora veio com um disco homônimo que contava com o entrosamento e a camaradagem dos parceiros da antiga banda: Ned Davis (bateria), Dick Heintze (piano/orgão), Teddy Irwin (guitarra rítmica), Chuck Tilley (vocal) e Pete Van Allen (baixo). Buchanan simplesmente abusa de sua Fender Telecaster, impondo uma combinação explosiva de blues, rock e r&b. Divino maravilhoso!
. “Sweet Dreams”, “Cajun”, “John’s Blues” e “Pete’s Blue” são faixas instrumentais de arregaçar a alma. A veia country também está presente nas canções “I Am Lonesome Fugitive”, “Haunted House” e na versão do clássico “Hey, Good Lookin”, de Hank Williams, todas interpretadas por Chuck Tilley. Mas é na faixa “The Messiah Will Come Again” (com vocal do próprio Buchanan) que dá para entender por que o descreviam como um guitarrista que fazia sua guitarra chorar… fantástico!
Se o primeiro é excelente, este Second Album então nem se fala. Lançado em 1973, trazia pequenas alterações no line-up do álbum anterior, como a entrada de Don Payne substituindo Pete Van Allen nas linhas de baixo e Jerry Mercer nas baquetas no lugar de Ned Davis (que só colabora na emotiva “She Once Lived Here”). Mais uma seleção de faixas instrumentais e solos sensacionais, comprovando quem é o mestre da Telecaster.
.
“Filthy Teddy”, “I Won’t Tell You No Lies” (com belo trabalho de teclados de Dick Heintze) e “Tribute To Elmore James” são as provas definitivas que tocar com sentimento era uma de suas fortes qualidades. Outra boa pedida fica por conta da clássica “Treat Her Right”, de Roy Head, abrindo o lado B do vinil, numa versão fulminante para botar fogo nas festividades.
Mas os destaques ficam por conta das intensas “After Hours” e “Five String Blues”, com Buchanan injetando timbres agudos ensandecidos e descarregando aqueles efeitos característicos de sua companheira de 6 cordas. Uma dica é escutar estas duas faixas com a mão segurando o queixo… pirotecnia pura a serviço dos bons sons!