ENTREVISTA POEIRA ZINE

 MARCO ANTONIO GONÇALVES,

O EDITOR DO SINISTER SALAD MUSIKAL

    A poeira Zine os bolhas de plantão já conhecem: é uma publicação sensacional que fala predominantemente sobre as bandas clássicas e obscuras dos anos 60 e 70. Editada pelo brother Bento Araújo desde 2003, a revista já trouxe capas com Grand Funk, Zappa, Alice Cooper, Lynyrd Skynyrd, Mountain, Rory Gallagher, King Crimson, The Who, Duane Allman, Gentle Giant, Captain Beyond, entre outros nomes empoeirados. Para mim, a melhor revista do gênero, simplesmente por mostrar em suas páginas “o melhor da música do melhor dos tempos”.

    Diante disso, foi com imenso prazer que recebi o convite para participar da seção “O Colecionador”, comandada pelo grande Ricardo Seelig, vulgo Cadão e que foca as loucuras dos colecionadores de discos. Já participaram desta seção outros ilustres bolhas como Kid Vinil, Fabio Massari, Vitão Bonesso, Ed Motta e João Pacheco, entre outros. Mais um motivo para me encher de orgulho pelo convite. Confiram a entrevista publicada na edição de n° 20 da pZ (agosto/setembro 2008), com fotos extras. Abraços.  

 

site da revista: http://www.poeirazine.com.br/

 

 

O Colecionador e suas maluquices no mundo dos discos – Marco Gonçalves 

Por Ricardo Seelig 

 

 

pZ – Quantos discos você tem?

 

Marco – Tenho 4500 títulos, divididos entre lps e cds, mas o vinil impera.

 

pZ – Qual foi o primeiro?

 

Marco – Puxando pela memória, acho que meu primeiro contato com o vinil talvez tenha sido com uns cinco ou seis anos de idade. Lembro que meus pais tinham alguns “tijolos” mono de artistas como Nelson Gonçalves, Altemar Dutra e Orlando Silva… O fino da fossa (risos). Só comecei a comprar discos no começo dos anos 80, ainda sem a compulsão de hoje em dia. É bem provável que o primeiro tenha sido uma coletânea, de 1981, de Raul Seixas. Mas é algo que não tenho tanta certeza assim. 

 

 

pZ – De quais grupos ou músico você possui mais material?

 

Marco – Do Zappa. Só em vinil tenho mais de 70 títulos do mestre.

 

pZ – Quais são os itens mais raros da sua coleção?

 

Marco – Um deles é o Their Satanic Majesties Request dos Stones, original inglês, mono e com a capa em 3D, que também foi um dos mais caros que eu já paguei. Tem o Godfather Meets The Untouchables, box com quatro lps piratas do Zappa e que há muito tempo não vejo outro. Vários originais do Canned Heat, Savoy Brown, Groundhogs, Free, Spirit, Gong, Magma… Obscuridades, picture discs e bootlegs diversos. Tenho também algumas reedições que, se não são raras como as originais, ainda assim custam uma nota. Um bom exemplo é o Geração Bendita do Spectrum, relançado em 2001, em uma tiragem limitada. Na época paguei R$70. Há um ano atrás, achei outro à venda por R$400. Quem tem a edição original tá com a vida ganha (risos). 

 

 

pZ – Quais são os itens que mais chamam a atenção na sua coleção?

 

Marco – Alguns discos impressionam pelo aspecto da arte gráfica e originalidade de suas capas. Manuseá-los é pura diversão. Tem o Hold Your Fire do Patto, com aquelas abas que modificam os personagens bizarros da capa; o Space Ritual do Hawkwind, cuja capa se desdobra em seis partes; o Who Will Save The World? do Groundhogs, que lembra um gibi; o In A Glass House do Gentle Giant, com aquele efeito tridimensional; o primeiro do Captain Beyond com capa holográfica; o Catch A Fire do Bob Marley, cuja capa abre como um isqueiro, e por aí vai. Tenho também picture discs e vinis coloridos que são uma belezinha. Acompanhar, por exemplo, o Outside Inside “laranja psicodélico” do Blue Cheer rodando no prato é um exercício de hipnose (risos).

 

pZ – Qual o disco que mudou a sua vida?

 

Marco – O Hot Rats do Zappa, sem dúvida.

 

 

pZ – Qual foi o número máximo de itens que você adquiriu de uma única vez?

 

Marco – Não foram poucas as vezes que voltei para casa com mais de 50 lps. Se me deparar com um bom lote, penhoro até a alma (risos).

 

pZ – Quais foram os álbum que passaram pela sua mão e você se arrepende até hoje de não ter ficado com eles?

 

Marco – Lembro que na metade dos anos 80 achei os 6 primeiros lps do Pappo’s Blues numa loja da Galeria do Rock. Como já havia acabado com a minha grana em outras aquisições, deixei quieto. Mas aquilo me perturbava e uma semana depois voltei à loja disposto a abrir falência. Foi em vão, pois já tinham levado todos os discos. Era o início de uma maldição, já que nunca mais encontrei esses discos em loja alguma. 

 

 

pZ – Que dica você dá pra manter um vinil zeradinho, mesmo após anos e anos de uso?

 

Marco – Não tem muito segredo. O básico é mantê-los em local bem arejado e guardá-los na posição vertical. Para lavá-los, utilize água corrente e sabão de coco ou neutro, tomando cuidado para não molhar o selo. Plásticos para proteger as capas e os vinis são indicados. Claro que é preciso ter um equipamento decente e trocar a agulha periodicamente. E o mais importante: não os empreste a ninguém (risos).

 

pZ – Como a sua esposa lida com essa sua paixão pelos discos?  É solidária ou vive dando bronca?

 

Marco – Apesar de não gostar nem um pouco quando exagero nas compras, a patroa até que é boazinha. Ela até me ajuda a carregar as sacolas com os discos. Quer melhor? Quando ela ler isso, estarei proibido de comprar discos pelo próximo semestre (risos).

 

pZ – Pra fechar, queria que você nos desse uma dica de colecionador pra colecionador.

 

Marco –  Acho que estão supervalorizando os vinis, até mesmo alguns títulos mais comuns… Alguns lojistas estão jogando o preço lá no alto. Tem que garimpar muito antes de adquirir aquilo que você procura. Consultas nos eBay da vida também são válidas. O importante é conseguir comprar discos por um preço justo. 

59 thoughts on “ENTREVISTA POEIRA ZINE

  1. E aí grande Marcão/Fandas…Tui na área…

    Mermão, passei por aqui pra dar uma zapeada no seu trabalho e não podia deixar de mandar aquele abraço…

    Força aí mermão…

    Abs,

    Tui

  2. Cara Parabens por estas informação destas bandas o mundo precisa de pessaia assim que conheça e reconhe a boas musica, pois estamos vivendo em uma era de decadencia no mundo musical me envie informaçoes sobre bandas alterna tivas dos anos 60, 70, 80, 90, ate mesmo no ano 2000 alguns se salva imitando velho…

  3. Mermão, que coleção de discos é essa? Fiquei de cara.
    Até desanimei com a minha coleção. Parabéns pelos discos.

    Kaipa

  4. Valeu brother Tuí e Thiago. Estamos nessa pelos bons sons…

    E Kaipa, são anos e anos de falência. Você chega lá hehe.

    Abraços!

  5. Fandas,

    passando pára aprender um pouquinho!!!hahahaha

    Belo texto sobre o Almendra!!! Falta um do Pappo.

    Abs

  6. Fala Fredão! Nada como um elogio de um hermano de sangue. Vou providenciar algo do Pappo’s Blues, pode ter certeza disso. Abraço, cumpadi!

  7. Caramba, Léo. Acabei postando o link do Roy Buchanan 72, mas confesso que não baixei o disco até o fim, achando que ele estava beleza para o download. Me diga uma coisa: eu seria muito alienado se te dissesse que não sei qual é a senha pra descompactar o arquivo? (risos). Uma hora preciso dar uma passada nestes links e ver quais que não funcionam mais e trocá-los por outros. Esses links são um porre (risos).

  8. Nossa que coisa linda a sua coleção. Onde voc\ê acha esses discos? Tem coisa aí que eu nunca vi na vida. Está de parabéns, a entrevista ficou super legal.

  9. Roberto, moro em São Paulo e aqui, felizmente, têm muitos sebos espalhados pela cidade. Tenho os canais certos para conseguir os discos que procuro. Mas a glória é achá-los por um preço camarada. E obrigado pelos parabéns! Abraços!!

  10. Muito bom teu blog. Estamos sempre descobrindo “coisas” novas.

    Parabéns!!!

    Paulo

  11. Valeu Paulo. A intenção do blog é sempre trazer música de qualidade não só do século passado, como deste também… vamos nessa! Abração e obrigado pela visita.

  12. Não estou botando uma fé. Coleção maravilhosa com um montão de raridades. Fodão o Satanic holográfico dos Stones. Nem vou falar do resto. Show!!! 🙂

  13. O Their Satanic Majesties Request dos Stones me custou um rim. Nada que a gente não possa recuperar no futuro hehe.

  14. da hora seus discos..hirado..queria saber se é muito raro o disco do demon fuzz?..to loco por esse disco..
    desde já obrigado!!

  15. Opa! Valeu Henrique!
    Cara, o Demon Fuzz em vinil é muito difícil de achar. O meu LP eu descolei na loja do Carlinhos, no Centro de São Paulo, no século passado. Não lembro de ter visto outro exemplar. Até mesmo o CD – que eu procuro há tempos por causa das faixas bônus – é difícil de encontrar. Não acho o danado nem em sombra. O lance é garimpar os sebos, vasculhar sites na internet e ter paciência de bolha. Uma hora esta belezinha acaba pintando no pedaço.
    Abração

  16. Opa,sou muito fã de vinil,tenho aqui aproximadamente uns 2.000 discos,de tudo um pouco rola aqui…to fazendo um cadastro online p registrar tudo ok,já já estara pronto…muito legal a sua onda aew,parabéns!!!Save Zappa 😀

  17. Opa, legal Alessandro. Quando esse cadastro ficar pronto, me avisa. Quero dar uma conferida na sua coleção, ok? Zappa rules!!
    Aliás, vou ver se eu coloco mais fotos dos meus discos aqui no blog. Me aguardem!
    Abraços

  18. grande marco antonio – desde a tua entrevista na “poeira” ja tinha ficado meio assustado – e agora navegando em teu blog constatei0 que a coisa é mais seria que pensava – minhas congratulações e vida longa –

  19. quanto ao disco do “demon fuzz” existe um vinil disponivel na “sempre vinil” e outro na record collector – avisa ai pra galera – mais uma vez aquele abraço

  20. voce tem o CD OU LP DO BOXE – ABSOLUTELY – E TEMPEST – LIVING IN FEAR – NO AGUARDO – ABRAÇO
    HERNANI VALOZ

  21. Opa, Hernani! Valeu pela dica de onde encontrar o play do Demon Fuzz. Discão!
    Do Boxer eu tenho em vinil os álbuns Below The Belt (1975) e o Absolutely (1977). Do Tempest, só tenho o homônimo de 1973 em CD. Mas é claro que as buscas pelos LPs da banda continuam a pleno vapor. Vida de bolha não é fácil, pode acreditar…
    Abração

  22. ADIMIRO MUITO SUA COLEÇÃO E GOSTARIA QUE VOCE SOUBESSE QUE SOU 1/10 DE VOCE.
    TENHO 1000 DISCOS VINIL DE ROCK, ONDE SE ENCONTRA TODA A DISCOGRAFIA DO ZAPPA
    TAMBEM TENHO 1200 CDS DE ROCK, 800 FITAS CASSETE , TROCENTOS MP3 QUASE UM TERABITE, E MEU BLOG DA UM RESUMO NESSA MINHA PAIXÃO.

    GRANDE ABRAÇO E PARABENS

  23. Obrigado, Celio! Seja bem-vindo ao clube do bolha. Pelo tamanho da sua coleção, você deve ser daqueles bolhas jurássicos, com várias falidas no curriculum hehe. E melhor ainda: curte Zappa, o que denota bom gosto musical.
    Muito bacana o seu blog, dei uma zapeada e achei bem diversificado. Estava vendo a parte do Zappa e, em dado momento, me deparo com os seguintes dizeres: TODA A DISCOGRAFIA OFICIAL DO FRANK ZAPPA – CLIQUE E BAIXE NO PC, OUÇA, APROVE, E DEPOIS: “PELAMORDEDEUS” COMPRE!!!! he he he genial! É isso aí, tem que comprar os discos pra ser feliz.
    Valeu a participação e sempre que quiser, apareça! O blog é nosso!
    Abraço

  24. Grande Samuca!
    Que é isso meu irmão, tenho certeza que a sua coleção também deve estar repleta de pepitas discográficas… castiga!
    E precisamos marcar uma hora lá no Big Papa… não se esqueça que falências com moderação são sempre bem-vindas hehe.
    Abração

  25. Marco,
    I love the site and all the work you have put into it. I posted your site on Amazon’s Trainwreck blog. Lots of vinyl lovers out there.

  26. I do not know Spanish, but I do know passion – and you’ve got more than anyone I know. Your collection is very much like mine. I wish you lived in the US because I know we would be great friends. If you can get this translated please let me know. I would love to maybe do some trading. Things I can get for thing only you can get.

    Like I said I love your passion man. You know how to live.

    My favorite bands are LOVE, Blue Oyster Cult and Porcupine Tree.

    Hope I hear back.

    Your Friend from Dallas, Texas
    Phillip

  27. Hello Phillip!
    My friend, if I lived in the United States would be a broken man. In the U.S. there are sensational record stores.
    I really like these bands you mentioned, especially Love. Arthur Lee was a master!
    And you’re also a collector of vinyl? Cool! You’re on the right track, man. hehe
    Welcome to Sinister Salad Musikal, my brother!
    Hugs

  28. i can get lots of old 33 records. for decent prices if you like contact me
    monahan@ mail.saabnet.com
    Dean

  29. This really cool store, Dean! I’m broke right now, but by the end of the year I intend to return to buy LPs. Talk to you later.
    Hugs

  30. ola amigo , gostei de sua entrevista tambem sou comprador de lps compulsivo , não podemos deixar morrer esta paixão abçs.

  31. Valeu pelo comentário, Elton! Pode deixar comigo, pois discos é algo que nunca vou deixar de comprar na minha vida. Sou um bolha sinistro que não vive sem música e admito que sou viciado no bom e velho bolachão, hehe. Vinil rules!
    Abração

  32. If it’s OK, I might borrow a scan of your It’s A Beautiful Day sleeve for a book we’re working on, the story of Deep Purple In Rock – I’ll give you a credit.

  33. Thank you, Simon. It will be a pleasure to collaborate with your work. When the book is ready, let me know.
    Hugs

  34. Opa, Paulo José! É claro que eu quero dar uma olhada nos discos que você tem. Vou lhe mandar um e-mail ainda hoje. Segura a bronca!
    Abraço

  35. Cannot read the words, but LOVE the photos. Great collection.
    May I borrow a photo or two for my blog? I would of course credit you / your blog as the source. Let me know.
    Kind Regards, Bruce.

  36. Yes, Bruce. As said by e-mail, you can post to your blog the photos you want from Sinister Salad Musikal. It is a pleasure to collaborate.
    Hugs.

  37. Olá Marco,muito legal seu blog e parabens pela linda coleção,começei a minha semana passada,comprei o Straight Up do Badfinger,Energized do Foghat e o Crabby Apletton de 1970 já foi um bom começo,quero mergulhar no mundo das obscuridades sinistras do mundo do rock, tenho 22 anos,ainda muita garimpagem pela frente rsrsrs
    abração…

  38. Que legal, Thiago! Pô, e começou com o pé direito a sua coleção. Belas aquisições. Parabéns!
    E obrigado pelo feedback. Valeu, meu camarada!
    Abração

  39. Marco, sua coleção é surreal, meus parabéns! Também coleciono Zappa (embora minha coleção ainda seja uma pulga perto da sua), Rock n Roll em geral, música brasileira, blues e jazz. Arranjei ano passado o LP do Campo di Marte, de 1975, do selo argentino Convivencia Sagrada. Você tem esse? O que acha? Um grande abraço PS: você tem facebook?

  40. Opa, Luiz Henrique. Desculpe a demora em responder o seu comentário. Fiquei alguns dias sem postar nada no blog sinistro, pois ficou pronta uma nova estante que encomendei e estava ocupado organizando os discos, trocando plásticos, enfim, dando uma geral na coleção. Agora está tudo nos conformes aqui no antro bolha… Castiga!
    Legal que, assim como eu, você também curte música de vários estilos, e principalmente os sons malucos e sensacionais do Zappa. O mestre narigudo faz uma falta do caraco, pode acreditar.
    Ah, esse play do Campo di Marte é sensacional. Tenho sim o LP, inclusive deve ser a mesma edição que você possui, pois o meu também é uma prensagem hermana. O disco está devidamente publicado no Sinister, depois dá uma zapeada na coluna lateral.
    Quanto ao Facebook, tenho sim uma conta. Na verdade, me apropriei de um perfil fake criado pelo meu filho e o estou usando com o maléfico intento de comprar LPs nos diversos grupos do Face. Estou cadastrado com o nome de Hurley Banjo VI, usando a foto de um gordão canastrão, hehe. Procura lá e me adiciona. Valeu!
    Abração.

  41. Opa! Valeu, brother! Até a metade deste ano deve pintar uma outra entrevista com mais fotos da minha coleção. Depois que for publicada, eu posto ela aqui também. Para quem gosta de apreciar capas de discos, vai ser um prato cheio. Aguarde!
    Abraços.

  42. Demais essas reedições, Rodrigo! Já encomendei os 7 primeiros volumes. Chegam em meados de maio, no meu aniversário. 🙂 Fim da maldição, hehe.
    Valeu! Abraço.

Deixe um comentário