SOM IMAGINÁRIO – MATANÇA DO PORCO (1973)

.    Mas a obra-prima do Som Imaginário é mesmo este terceiro e último trabalho, o fantástico Matança do Porco, lançado em 1973. Mais líder do que nunca, o tecladista, arranjador e maestro Wagner Tiso assina a maioria dos temas e desenvolve uma sonoridade que marcaria também o seu trabalho solo. Um disco conceitual que apresenta um instrumental fascinante, fundindo jazz, rock progressivo, música erudita e MPB.

.    O line-up era composto pelos seguintes músicos: Wagner Tiso (Hammond, piano acústico e elétrico), Tavito (violão), Luiz Alves (baixo) e Robertinho Silva (bateria). O álbum conta ainda com as participações especiais de Milton Nascimento, Danilo Caymmi e dos Golden Boys. Frederyko, o grande Fredera, já havia saído da banda quando o LP foi lançado, mas os vestígios de que participou das gravações do “abate suíno” são evidentes ao se escutar os brilhantes solos de guitarra desenvolvidos no álbum.Arranjos sinfônicos muito bem elaborados, abrindo terreno para a banda fazer misérias…

.    Faixas como “Armina” (que combina guitarra fuzz e piano clássico de forma esplêndida),“A 3” (com Tiso criando frases no melhor estilo Kerry Minnear, do Gentle Giant), “A N° 2” (progressiva ao extremo, com um timbre de órgão sensacional e uma construção harmônica de arrepiar) ou “Mar Azul” (que agrega elementos do samba-jazz e traz Danilo Caymmi nos arpejos de flauta) mostram uma banda bem entrosada e com músicos no auge de suas habilidades.

.    O maior destaque do disco está na faixa-título: um tema de 11 minutos que divide-se em três movimentos, onde se sobressaem as vocalizações deslumbrantes de Milton Nascimento, os agudos da guitarra de Fredera e os fraseados bem bolados de Tiso. Divinamente sublime, “A Matança do Porco” foi composta por Wagner Tiso para o filme “Os Deuses e os Mortos”, de Ruy Guerra, que concorreu às premiações do Festival de Berlim, em 1971.

Capa da reedição do Matança do Porco

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.    Depois deste disco, o grupo prosseguiu sua jornada por pouco tempo, promovendo novas alterações em sua formação. Robertinho Silva saiu para a entrada do baterista Paulinho Braga. Luiz Alves foi substituído pelo baixista Noveli.Tavito preferiu trabalhar sua carreira solo e cedeu lugar ao grande Toninho Horta. O saxofonista Nivaldo Ornelas, que já havia participado da banda em 1970, também foi reagrupado.

.    Com esse conjunto, gravaram o álbum “Milagre dos Peixes – ao vivo”, creditado a Milton Nascimento e ao Som Imaginário, em 1974. Frederyko ainda retornaria à banda, antes do seu fim precoce, em meados de 1976. Menos mal que o intercâmbio entre os músicos continuou nos anos seguintes. Não é difícil encontrar alguns deles participando de discos de Wagner Tiso ou Milton Nascimento, por exemplo. Fredera, Tavito, Toninho Horta, Nivaldo Ornelas e a maioria de seus integrantes, também gravaram seus registros individuais. Mas o certo é que O Som Imaginário, como banda, nunca mais gravou qualquer outro material … infelizmente!

.    Para quem se interessou em adquirir esses discos, a EMI lançou em 1997 uma caixa luxuosa contendo os três cds da banda. Como não foram produzidas muitas cópias, o box simplesmente desapareceu das lojas rapidamente e hoje é um produto difícil de ser encontrado. Em 2003, a EMI soltou no mercado vários títulos remasterizados, no rastro das comemorações de 100 anos de Odeon no Brasil. Um dos relançamentos foi justamente o Matança do Porco que, provavelmente, ainda deve estar em catálogo. Básico!

Faixas: 01. Armina / 02. A 3 / 03. Armina (vinheta 1) / 04. A N° 2 / 05. Matança do Porco / 06. Armina (vinheta 2) / 07. Bolero / 08. Mar Azul / 09. Armina (vinheta 3)

SOM IMAGINÁRIO – MATANÇA DO PORCO (1973) [álbum completo]

SOM IMAGINÁRIO – ARMINA

SOM IMAGINÁRIO – A3

SOM IMAGINÁRIO – A N° 2 

SOM IMAGINÁRIO – A MATANÇA DO PORCO (2012)

SOM IMAGINÁRIO – BOLERO (2012)

SOM IMAGINÁRIO – MAR AZUL (2012)

SOM IMAGINÁRIO – A MATANÇA DO PORCO (trecho do programa O Som do Vinil)

19 thoughts on “SOM IMAGINÁRIO – MATANÇA DO PORCO (1973)

  1. Cara, valeu por disponibilizar essa preciosidade!!

    Já tinha o disco homônimo em mp3, e agora vou baixar esse, que, concerteza, deve ser animal como o outro!!!

  2. Pode baixar que não vai se arrepender, brother. Mas classe mesmo é ter o disco original. Vale a pena!
    Abraços

  3. Grande Coletivo Só! Conheço o jornal e aprecio as matérias. Underground pacas!

  4. Gosto muito desse GRANDE ICONE do Rock Progressivo Brasileiro , e é bastante triste que a banda não está mais na ativa . A faixa-titulo lembra um pouco o Pink Floyd e seria muito , mais muito bom mesmo se ela tivesse mais de 20 minutos de duração , assim ela entraria na galeria dos grandes classicos da Era de Ouro do Rock Progressivo (1969 – 1974) . Se algum dia , o Som Imaginario anunciar oficialmente o seu retorno aos palcos para reviver os bons tempos junto com os fãs , eu quero estar lá para assistir , e torço para que depois dos shows de volta , eles entrem no estudio para gravar e lançar um novo album , tanto na versão em CD , como também na versão em LP . A gente se ve em breve , Som Imaginario !!! Aguardo ansiosamente o retorno de voces !!! ATÈ LÀ !!!

  5. Fala Fernando!
    Som Imaginário é sensacional. Eu também adoraria ver um show dos caras. Um passarinho me contou que é bem provável que Wagner Tiso e Tavito juntem forças e toquem no SESC Belenzinho, em São Paulo, de 13 a 15 de janeiro de 2012. Nessas, é bem capaz que role algo do Som Imaginário. Estou de rolê pelo litoral paulista e se isso se confirmar, volto correndo para a city só para ver essa apresentação. Vamos aguardar.
    Abraços

  6. Opa, brother!
    Já faz algum tempo que eu retirei os links para download aqui do Sinister.
    Mas os vídeos que o pessoal compartilha no YouTube estão aí.
    Abraço

  7. Esse disco é um delírio!! bom pra caralho, mas fiquei surpreso pq sempre achei que fosse o Zé Rodrix nas teclas…

  8. Fala Davi!
    O grande Zé Rodrix só participa do primeiro disco do Som Imaginário. Em 1973, ele já estava em outra barca lançando o álbum Terra, em conjunto com os parceiros Sá & Guarabyra. No mesmo ano, também lançou o seu primeiro disco solo chamado I Acto. Quanto ao Matança do Porco, concordo plenamente: é um discaço.
    Mr. Bluesman, estava dando uma zapeada no seu blog, assistindo aos vídeos com o making off dos seus álbuns gravados e confesso que curti bastante o seu trabalho. Parabéns! Me mande um e-mail com as coordenadas de como adquirir os seus EPs que o bolha sinistro agradece.
    Abraço

  9. maravilha!!! o som imaginario temuma qualidade incrivel . Tem um grande significado para a historia da musica brasileira.

    AH!!! SOM IMAGINARIO AMADO

  10. Som Imaginário: o experimentalismo dos anos 1970

    Do Sinister Salad Musikal:

    “Mas a obra-prima do Som Imaginário é mesmo este terceiro e último trabalho, o fantástico Matança do Porco, lançado em 1973. Mais líder do que nunca, o tecladista, arranjador e maestro Wagner Tiso assina a maioria dos temas e desenvolve uma sonoridade que marcaria também o seu trabalho solo. Um disco conceitual que apresenta um instrumental fascinante, fundindo jazz, rock progressivo, música erudita e MPB.

    http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/som-imaginario-o-experimentalismo-dos-anos-1970

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