PINK FAIRIES – KINGS OF OBLIVION (1973)

    Após o lançamento do segundo LP do Pink Fairies, o guitarrista Paul Rudolph decidiu se afastar da banda. Segundo consta, sua saída teria sido motivada por causa do consumo excessivo de LSD por parte de Russell e Sanderson e que, segundo ele, estaria prejudicando os rumos da banda. Rudolph passou então a colaborar em álbuns de Robert Calvert, substituiu o baixista Lemmy Kilmister no Hawkwind entre 1975 e 1976 e participou de quatro LPs de Brian Eno entre 1974 e 1978, antes de abandonar a carreira e voltar para o Canadá.  

 

    Para o seu posto foi convocado o guitarrista Mick Wayne, ex-integrante das bandas The Bunch of Fives eJunior’s Eyes, e que vinha de trabalhos com David Bowie. Depois de duas apresentações e de uma gravação que gerou dois singles (“Well, Well, Well” e “Hold On”), Wayne acabou sendo demitido por Russell e Sandy. O motivo: discordâncias com relação a direção musical que Wayne queria impor ao grupo. Larry Wallis (ex- Shagrat, Blodwyn Pig e UFO), que já havia sido contratado como segundo guitarrista da banda, assume então a linha de frente dos Fairies, como guitarrista e vocalista demencial.

 

    Com o power-trio Wallis, Russell e Sandy, partiram para as gravações do sensacional Kings of Oblivion, terceiro disco dos maluquetes e considerado por muitos fãs como o melhor álbum do grupo. Lançado em 1973, trazia mais uma capa de encher os olhos: um fundo azul com três porcos rosas voadores, usando óculos escuros. A ilustração de Edward Barker, acabou virando uma espécie de símbolo da banda, já que o porco voador passou a freqüentar cartazes de shows e outras capas de discos da turma. Mesmo com a alteração no line-up, o Pink Fairies seguia a sua ideologia contracultural, promovendo a música livre, a anarquia geral, a contestação social, o consumo de drogas e os shows alternativos – alguns deles, realizados em verdadeiras pocilgas.

 

    Musicalmente falando, o disco é uma porrada sonora das boas, comandada por um power trio da pesada, que manda ver no mais descarado e alucinado hard rock. Larry Wallis além de excelente guitarrista, trouxe na bagagem um punhado de boas composições e um estilo vocal primitivo e peculiar que encaixou muito bem com a cozinha pervertida de Duncan Sanderson e Russell Hunter. Resultado: a sonoridade que já era suja e visceral, ficou ainda mais podre e próxima daquela empregada por grupos do chamado proto-punk, como Stooges, MC5 e New York Dolls. 

 

Larry Wallis apostando suas fichas no Pink Fairies  

    O disco abre com um dos hinos libertários do grupo, a fantástica “City Kids”, em um desempenho marcante de Wallis, tanto no vocal rude quanto na guitarra raivosa. As bases sonoras serviriam para futuras “maquinações heavy”, inspirando descendentes diretos da estirpe, como o próprio Motörhead – banda que Wallis viria a participar entre 1975 e 1976, em sua primeira encarnação. “I Wish I Was A Girl” surpreende e cativa com suas reverberações e escalas guitarrísticas sensacionais. Obra de Wallis, que constrói uma parede sonora envolvente, dando brechas para as experimentações. “When’s the Fun Begin?”, tema composto porWallis e Mick Farren, encerra o lado A do vinil com um arranjo denso e pesado, made subúrbio londrino. 

    “Chromium Plating” é outra maravilha selvagem e se destaca pelas belas passagens de guitarra e auxílio luxuoso da cozinha que mantém uma pegada agressiva. “Raceway” dispara um tema instrumental vigoroso, com batera e baixo fornecendo sólida base rítmica para a guitarra de Wallis injetar riffs matadores. A machista “Chambermaid” tem letra sacana que envolve arrumadeiras de hotéis, servindo de munição para mais um instrumental cru e energético. E “Street Urchin” fecha a bolacha, com nova leva de riffs ruidosos e excelente trabalho do trio, constatando o entrosamento e a unidade sonora dos Fairies. Sem dúvidas, um dos maiores expoentes do rock underground dos anos 70. 

     Com o fim do contrato com a Polydor, a banda foi aos poucos perdendo a audiência e seus membros se dispersando. Para reagrupar a trupe, Ted Carroll (chefe da Chiswick Records) organizou um concerto único no The Roundhouse, em Londres, em meados de 1975. Estavam lá Paul Rudolph, Larry Wallis, Duncan Sanderson, Russell Hunter e Twink. O show foi lançado em disco em 1982 e saiu com o título de Live At The Roundhouse 1975. 

 

    Os anos passaram, mas tentativas frustradas de reativar a banda acabaram aumentando o seu período de inatividade. Os veteranos da banda finalmente conseguiram uma reaproximação em 1987, quando Twink, Russell, Sanderson, Wallis e Andy Colquhoun reformaram o Pink Fairies e gravaram o álbum Kill ‘Em and Eat ‘Em. Desde então, foram emitidos vários títulos de material ao vivo e coletâneas do grupo. Pérolas como Uncle Harry (1998), Do It! (1999) e Finland Freakout 1971 (2008) são altamente recomendadas. Sonzeira garantida!    

 

Faixas: 01. City Kids / 02. I Wish I Was a Girl / 03. When’s the Fun Begin? / 04. Chromium Plating / 05. Raceway / 06. Chambermaid / 07. Street Urchin / Bônus: 08. Well, Well, Well (Single Version) / 09. Hold On (Single Version) / 10. City Kids (Alternate Mix) / 11. Well, Well, Well (Alternate Version)

 

PINK FAIRIES – KINGS OF OBLIVION [álbum completo]

 

 

PINK FAIRIES – UNCLE HARRY’S LAST FREAK-OUT / CITY KIDS (1975)

 

 

PINK FAIRIES – I WISH I WAS A GIRL

 

PINK FAIRIES – WHEN’S THE FUN BEGIN?

PINK FAIRIES – CHROMIUM PLATING

PINK FAIRIES – RACEWAY

PINK FAIRIES – CHAMBERMAID

PINK FAIRIES – WELL, WELL, WELL

PINK FAIRIES – ROUNDHOUSE REUNION (1975)

12 thoughts on “PINK FAIRIES – KINGS OF OBLIVION (1973)

  1. Ótimo texto das fadas rosas!! Cara eu tenho esse cd dos porquinhos e é um podreira de tão bom. CITY KIDS é a melhor música, soa bem até nos dias de hoje. Muito foda ver um post dos caras no seu blog. Já adicionei o Sinistro aos meus favoritos. Valeu Marcão!!!!

  2. Enquanto estou escrevendo esse recado, estou escutando um disco solo do Larry Wallis (Death In The Guitarfternoon) que é do caraio
    Uma de minhas bandas favoritas, o foda é conseguir novos materiais
    Eu publiquei no meu blog o raríssimo Chinese Cowboys, ao vivo que só sairam 1000 cópias, me fudi para consegui-lo
    A voce que está lendo isso aqui, não perca tempo, baixa no ato

    Beijos e grande trabalho

  3. Maravilha de banda! Em vinil eu tenho também o duplão Uncle Harry que saiu em 1998 pela Get Back… tosqueira poderosa. Em CD tenho outras cositas más da banda como o play Kill ‘Em And Eat ‘Em de 1987 que eu acho bem legal. Esse Chinese Cowboys eu ainda não escutei. Vou baixar lá no Bordel do Rock pra sacar qual é a parada. Valeu!

  4. tenho 4 discos deles e queria reunir mais coisas numa coletânea só, mas não estou conseguindo baixar os álbuns de 73 e 75 quase todos os links estão bloqueados, mas que essa banda é doideira não resta a menor dúvida. É rock and roll de primeira, sem frescura!

  5. Opa, Valdeci!
    Pink Fairies é sonzeira! Esses 3 discos que eu resenhei são obrigatórios. Pra ser um bolha feliz, não basta baixá-los: tem que ter em CD ou vinil. E recentemente, descolei um LP da banda que sonhava botar as mãos há décadas: o Live at the Roundhouse / 1975, vinil rosa lindão. É isso aí, brother!
    Abraço

Deixe um comentário